quarta-feira, 30 de julho de 2008

11 Meses

Você cabe no canto dos meus lábios, a cada vez que quero sentir o aroma dos

seus. Cabe nas pontas dos meus dedos, quando quero escrever-te em poema.

Entra na minha pele, a cada vez que te revejo, dentro dos nossos momentos.

Percorre e morre nas minhas veias a cada vez que meus braços prolongam os

espaços e alongam-se, sobre o que falta pro alcance do seu corpo. E dói-me na

alma a cada vez que cabes na palma da minha mão. Em cada vez que preciso te

afagar...Que abro os olhos e não vejo mais do que uma estrela cadente, que

percorre um espaço indecente, onde não estou e nem nunca estive... Vejo

espasmos de você numa cruel agonia de vozes que se perdem no vento... E no

meu conhecimento, sobre os pedaços que já não restam nem sobram porque já

não são mais nada... E olho por entre rios de cristais transparentes que rolam

pelo meu rosto, as silhuetas dos corpos que foram nossos e que se mantiveram

entrelaçados lá, onde a memória esqueceu-se de morrer. E os nossos braços

não se lembraram de fugir de nós mesmos e do que não consigo esquecer.

Então, eu arranco de mim as sementes de um girassol que um dia

inventamos...E apago das minhas entranhas um luar prateado, morno e tão teu

que um dia eu quis que me cobrisse a pele. Toda! Inteira...Boca, coxas, seios e

vulva, numa entrega ainda que derradeira...E rasgo do meu ventre o teu cheiro,

o teu sêmen e o teu beijar. Daí, penso que isso deveria matar este meu sentir.

Este meu amor. E no entanto, não consigo tirar da minha alma o encanto

da noite na qual ficou em mim o teu olhar e da minha boca o gosto morno

e doce do teu sabor... Tropeço e olho..E te vejo: e sorrio! Fecho os olhos

e silencio..Em vão! Os sentimentos são mais corajosos que a gente; não

buscam com palavras que quase sempre soam vãs ou com os olhos e sim, da

única maneira que eles conhecem: o corpo...inteiro! E eu desisto de fugir

e me entrego a você....

Entrego o que sou...

O que fui....

E o que ainda serei!

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