Você cabe no canto dos meus lábios, a cada vez que quero sentir o aroma dos
seus. Cabe nas pontas dos meus dedos, quando quero escrever-te em poema.
Entra na minha pele, a cada vez que te revejo, dentro dos nossos momentos.
Percorre e morre nas minhas veias a cada vez que meus braços prolongam os
espaços e alongam-se, sobre o que falta pro alcance do seu corpo. E dói-me na
alma a cada vez que cabes na palma da minha mão. Em cada vez que preciso te
afagar...Que abro os olhos e não vejo mais do que uma estrela cadente, que
percorre um espaço indecente, onde não estou e nem nunca estive... Vejo
espasmos de você numa cruel agonia de vozes que se perdem no vento... E no
meu conhecimento, sobre os pedaços que já não restam nem sobram porque já
não são mais nada... E olho por entre rios de cristais transparentes que rolam
pelo meu rosto, as silhuetas dos corpos que foram nossos e que se mantiveram
entrelaçados lá, onde a memória esqueceu-se de morrer. E os nossos braços
não se lembraram de fugir de nós mesmos e do que não consigo esquecer.
Então, eu arranco de mim as sementes de um girassol que um dia
inventamos...E apago das minhas entranhas um luar prateado, morno e tão teu
que um dia eu quis que me cobrisse a pele. Toda! Inteira...Boca, coxas, seios e
vulva, numa entrega ainda que derradeira...E rasgo do meu ventre o teu cheiro,
o teu sêmen e o teu beijar. Daí, penso que isso deveria matar este meu sentir.
Este meu amor. E no entanto, não consigo tirar da minha alma o encanto
da noite na qual ficou em mim o teu olhar e da minha boca o gosto morno
e doce do teu sabor... Tropeço e olho..E te vejo: e sorrio! Fecho os olhos
e silencio..Em vão! Os sentimentos são mais corajosos que a gente; não
buscam com palavras que quase sempre soam vãs ou com os olhos e sim, da
única maneira que eles conhecem: o corpo...inteiro! E eu desisto de fugir
e me entrego a você....
Entrego o que sou...
O que fui....
E o que ainda serei!
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