terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Por vezes...

...dou por mim a olhar-te, sem que estejas aqui, a sentir-te sem que te encostes em mim, a escutar-te sem que me fales. É uma sensação diferente, esquisita, paranormal. Existe entre nós algo de inexplicável que nos liga um ao outro, uma espécie de canal directo. Sei que estás comigo, ainda que não te veja, sei, particularmente nos momentos mais difíceis da minha vida, que habitas dentro de mim, que posso contar com a tua força, com o teu alento. Esta forma de nos sentirmos, a forma como na distância vivemos algo de tão transcendental, torna difícil qualificar esta relação quase idílica, num amor quase platónico que o tempo prolonga, aguça e fortalece e que a distância amadurece.
Na privação dos desejos, na admiração das palavras, e no equilíbrio dos sentidos, vamos deixando passar os dias, na esperança inconfessada que num deles tenhamos a oportunidade de nos encontrar, de partilhar o calor dos corpos num abraço apertado, terno e demorado, num beijo suave e delicado. Mas continuas aqui, sentado a meu lado sem que te veja, soprando-me ao ouvido as palavras que devo escrever, afagando-me os cabelos e fazendo-te sentir presente. Sei, que estando aqui, também estou a teu lado, oferecendo-te o meu colo para deitares a cabeça, enxugando-te as lágrimas que já não choras, desenhando-te os sonhos que queres sonhar.
Somos dois pedaços do mesmo eu, distantes, mas tão intimamente ligados que nos completamos.
Recebi esse texto do Bebeim, é do blog Razão do vazio.
As vezes eu realmente penso assim,dai eu ME lembro: SOU LIVRE!

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