sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Espera

A pele anseia o toque, arrepia, transbordando desejos.
Lábios e língua antecipam o beijo esperado

olhos semicerrados
, boca entreaberta
(delírios!)

Sobre os lençóis em desalinho,
ela espera
(seios que se oferecem, coxas que se contraem)

espera...

O corpo dela exala
as secreções mais belas ancas de acasalar
(tortura!)

A mão passeia lânguida no lento
passar das horas,
como a confortar
pele, púbis, pêlos,

os dedos procuram consolo,
não quer espera.
Ainda que a noite esteja deixando
seus olhos,
espera;
ainda que o fogo
da lareira se apague, espera....
Esta noite quer apenas o homem
que espera,
entregar-se a ele,
amá-lo por toda a noite
como a ninguém, antes.
Olhá-lo do modo
lindo que inventou,
então espera.

(O desejo a consome, o contato
dos lençóis na pele nua,
as mãos
tocando displicentemente os
mamilos
à luz amarela e frágil
da lareira
que ilumina o corpo
em torturante expectativa)

Guarda-se pare ele.

Espera...
Porque seu desejo só se realiza
no desejo dele,
na cumplicidade dos dois
fundindo-se, ardentes,
executando
o mais belo e primitivo ballet
(sôfregos, lindos, dançando
lentos,
girando,
bocas, línguas, mãos, suores,
girando o corpo dela em movimentos
sensuais
de amores
ele dentro dela, delírios,

para sempre dentro dela
a alma o corpo,
o amor, o olhar
lindo que ela inventou,
paixão, ternura naqueles olhos.
Todo
o corpo dele sobre o dela

o seu beijo
a língua a pele as mãos)...
Imagens que ela inventa antes de adormecer.

-
Nálu Nogueir

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